A Ciência dos Tempos

                                                                A Ciência dos Tempos


“dos filhos de Issacar, destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos de seus
chefes e todos os seus irmãos, que seguiam a sua palavra”
1 Crônicas 12.32


Nos reinos do passado, o soberano (rei) possuía conselheiros. Estes exerciam
grande influência nas decisões do reino. Tais homens eram escolhidos por sua sabedoria e
capacidade de compreender os tempos, os acontecimentos e apresentarem ao soberano
conselhos eficientes.


O livro de Ester mostra, por exemplo, como o rei Assuero era assistido por sábios:
“Então perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos, porque assim se tratavam os negócios do rei”


[1]. O texto diz expressamente que os sábios eram homens que “entendiam dos tempos”.
As Escrituras afirmam, em Eclesiastes, que “o coração do sábio discernirá o tempo e o
modo” [2]. Pode-se perceber, portanto, quão importante é a habilidade de entender os
tempos. Tais sábios de coração serão colocados em posições de influência para que
ensinem as autoridades e pessoas acerca do que está acontecendo e do que precisa ser feito.
A Importância de Discernir os Tempos


Relaciono abaixo alguns motivos que tornam o discernimento dos tempos tão
importante para nós:
 Quando você sabe o que vem pela frente, você tem maiores condições de se
preparar adequadamente


Como exemplo disto, pode ser citado o conselho de José a Faraó. Sabendo que
viriam 7 (sete) anos de fartura e, em seguida, 7 (sete) anos de fome na terra do
Egito, José disse: “E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó [...] Assim, será o mantimento para provimento da terra, para os sete
anos de fome que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome” (Gênesis
41.35-36).


 Saber o prazo para terminar determinado período de tempo fortalece a
esperança e revigora a alma
Em Provérbios 13.12, está escrito: “A esperança demorada enfraquece o coração”. Esta é
uma das razões por que o Senhor revelou que a grande tribulação irá durar 3 (três)
anos e meio (Apocalipse 11.2, 12.6). Durante este período tão difícil, o mais difícil
da história humana, a Igreja poderá saber que o sofrimento presente tem uma data
final pré-estabelecida. Em Daniel 12.12, está escrito: “Bem-aventurado o que espera e
chega até mil trezentos e trinta e cinco dias”. Isto é, também, para incentivar os filhos de
Deus à perseverança naqueles momentos do fim.


 Fazer a coisa certa no momento certo produz o melhor resultado
O profeta Elias, por exemplo, se apresentou ao rei Acabe no momento certo (1
Reis 18). Sua atuação profética no momento exato proporcionou o resultado
vitorioso, podendo inclusive ser interrompido o período de seca que durará 3 (três) anos e meio.

Yadha


Em Eclesiastes está escrito que “o coração do sábio discernira o tempo e o modo” [3]. A
palavra hebraica para “discernira”, neste verso, é yadha. Esta palavra pode também ser
traduzida por ‘conhecer’ ou ‘saber’. Mas seu significado básico é ‘constatar pela visão’ [4].
Falando sobre os filhos de Issacar, a Bíblia também utiliza a palavra yadha. Na
expressão “para saberem o que Israel devia fazer” [5], a palavra original para “saberem” é yadha. Ou seja, a habilidade para discernir os tempos, possuída por aqueles homens, vinha por meio de uma sabedoria adquirida pela visão.


Uma das maneiras da pessoa adquirir este tipo de sabedoria é observando os
acontecimentos ‘naturais’ com os olhos do coração abertos para entendê-los de acordo
com a perspectiva do Senhor. Outra maneira é literalmente receber uma visão espiritual e
visualizar as realidades ‘sobrenaturais’. Tanto uma como a outra, precisam tocar o coração e
vir pela graça de Deus.


Quando, por exemplo, nenhum sábio da Babilônia soube interpretar o sonho de
Nabucodonosor [6], o Senhor concedeu a sabedoria yadha a Daniel. A Bíblia diz que Daniel
louvou a Deus, dizendo: “Ó Deus de meus pais, eu te louvo e celebro porque me deste sabedoria e força;
e, agora, me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber (yedha [7]) este assunto do rei” [8].


Sabedoria de Coração
O “coração do sábio discernirá o tempo e o modo”. A palavra hebraica aqui, para coração, é
lebh [9]. Esta palavra é utilizada para referir-se ao interior do ser, local central da natureza
interior da pessoa. O discernimento dos tempos e do modo, portanto, não é resultado da
simples análise técnica dos fatos e acontecimentos, mas procede de uma dimensão mais
profunda. Para ter este discernimento, é necessário adquirir sabedoria de coração.


No Salmo 90, Moisés pede a Deus: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que
alcancemos coração sábio” [10]. Moisés sábia que existia uma sabedoria mais importante do que
aquela relacionada com o conhecimentos teórico e técnico. Ele desejava a sabedoria que
poderia ser encontrada em seu coração. Somente com esta sabedoria, Moisés poderia viver
para um padrão eterno.


Foi por causa desta sabedoria de coração que Moisés “sendo já grande, recusou ser
chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um
pouco de tempo, ter o gozo do pecado, tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros
do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a irá do rei; porque
ficou firme, como vendo o invisível” [11].A sabedoria do coração nos levará a não edificarmos coisas que serão destruídas
diante do julgamento de Deus. Se discernirmos o tempo e o modo, seremos levados a
construir coisas permanentes. Não seremos como aqueles homens que edificaram a ‘Torre
de Babel’ [12]. Mas, estaremos realmente fazendo a vontade do Pai.

Por Renato Pastene Pires


1 Ester 1.13
2 Eclesiastes 8.5
3 Eclesiastes 8.5
4 Dicionário Strong
5 1 Crônicas 12.32
6 Daniel 2
7 Correspondente na língua aramaica para yadha
8 Daniel 2.23
9 Dicionário Strong
10 Salmo 90.12
11 Hebreus 10.24-27
12 Genesis 11.1-8 .